terça-feira, 2 de julho de 2019

O estigma da depressão





A propósito desta situação, a PGDL informa que o Ministério Público, na sequência da investigação à aterragem forçada de uma aeronave CESSNA152, no areal da praia de São João da Caparica, em Almada, ocorrida em 2 de agosto de 2017, no seguimento de uma falha de motor em voo, e que causou a morte a duas pessoas e lesões noutras três pessoas, findou as diligências de investigação e proferiu despacho final, determinando a dedução da acusação quanto:

«Ao piloto instrutor, por ter sido entendido que o mesmo violou as regras da aviação e o dever objetivo de cuidado que as circunstâncias concretas inerentes a uma pilotagem prudente impunham e que lhe eram exigíveis atenta a sua experiência profissional, e ainda que o fez sabendo que a sua situação pessoal podia prejudicar a sua capacidade de actuação e de decisão numa situação de emergência como a ocorrida, tendo, por força da sua conduta, causando perigo concreto para várias pessoas, a lesão à integridade física de três pessoas e a morte de outras duas, bem como, danos na aeronave, encontrando-se assim, acusado da prática, como autor material, na forma consumada, em concurso real e efetivo, um crime de condução perigosa de meio de transporte por ar e dois crimes de homicídio por negligência».
A propósito deste assunto, e para quem se interessa por problemas laborais, recomendo a leitura da seguinte obra:

O Demónio da Depressão, Um atlas da doença,Quetzal Editores, 2016, de Andrew Solomon, no qual, na página 394, se pode ler o seguinte excerto:
«A mais recente ciência da depressão ecoa a sugestão de Hipócrates de que a depressão é uma doença do cérebro que pode ser tratada com remédios orais; os cientistas do século XXI estão mais aptos a formular remédios do que o estavam os do século V a.c., mas as percepções básicas fecharam o círculo. As teorias sociais, entretanto, conformaram-se a um modo aristotélico de pensamento, apesar do desenvolvimento de formas específicas de psicoterapia mais sofisticadas do que os seus distantes antecessores. O que é mais desolador é que estas duas formas de conhecimento continuam ainda a ser discutidas, como se a verdade se situasse noutro local e não entre elas.»



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